Ina Von Binzer – Os meus Romanos - Usando o pseudônimo de Ulla von Eck, a autora escreve uma série de cartas para sua amiga na Alemanha, contando-lhe cada detalhe de sua rotina, seu trabalho como professora, os alunos, as escolas, os escravos, as festas, tudo o que possa parecer interessante a uma amiga que apenas sabe do Brasil por relatos de outros escritores viajantes. Ulla não se preocupa em ocultar detalhes talvez banais para a época pois quer mostrar as grandes diferenças de comportamento e ambiente encontradas no Brasil. .
E engana-se quem pensa que, sendo uma moça de apenas 22 anos , ela tenha se omitido das questões sociais, políticas ou econômicas. Ao longo das cartas pode-se ver diversas críticas ao sistema escravista, no qual aponta pontos negativos e positivos, descrições da vida social da elite e também questiona a convicção republicana de muitos.
Helena Morley – Minha vida de Menina - “Escrevo tudo neste caderno que é meu confidente e amigo único.” Assim Helena Morley, pseudônimo da autora Alice Dayrell Brant, à época com apenas 14 anos, filha de pai inglês, descreve sua relação com o diário que redigiu em Diamantina (MG) durante os anos de 1893 até 1895. Uma fonte deleitosa de casos familiares, intrigas domésticas e superstições cotidianas, narrada com a inocência e a espontaneidade da menina que buscava apenas “construir seus castelos” e passar o tempo numa cidade provinciana onde pouco acontecia. .É neste diário que Helena debocha e desmascara as pretensas virtudes alheias. Procurando com sofreguidão não perder uma infantil alegria de viver, e reinventando o mundo à sua maneira, Helena Morley é o diamante mais raro de Diamantina.
“A capacidade de empatia que ela gera em nós por ser tão aberta em admitir suas fraquezas e suas falhas é o que nos faz rir de nós mesmos, porque nos reconhecemos nas suas imperfeições e incoerências”, diz a diretora sobre a decisão de adaptar o diário para o cinema, através do filme “Vida de menina”, estrelado por Ludmila Daher.
Cecília de Assis Brasil – Diário de Pedras Altas - Em 1934, Joaquim Francisco de Assis Brasil escreve a um amigo sobre a trágica morte da filha dileta, Cecília, vitimada por um raio num dia de tempestade em Pedras Altas:
Antes de tudo, deixe-me agradecer-lhe cordialmente, também em nome de Lydia e nossos filhos, sua demonstração de simpatia com nossa indizível dor. Perdemos uma filha que mereceria o título de “predileta”, se não fosse para nós um dogma a igualdade do afeto dispensado a todos os filhos. E de que nós a perdemos! [...]. Nada poderá consolar-nos desta perda. Apenas nos esforçamos por considerar uma felicidade ela haver sido poupada de qualquer sofrimento ou de deficiência física causada por doença, ela que tanto merecia gozar da vida.
Cecília, a filha mais velha do segundo casamento de Assis Brasil, nascida em Washington em 1899, amava os cavalos (seu cavalo morreu junto com ela), a vida no campo, o castelo da família em Pedras Altas, a família, e o pai. .Assis Brasil manteve por muitos anos um diário para o registro do dia-a-dia em Pedras Altas, uma espécie de crônica da vida na propriedade. Cecília herdou do pai esse hábito, e por mais de uma década manteve também diários com a intenção de informar o pai, que devido a sua intensa vida pública constantemente viajava, o que se passava com a família.
Friday, December 29, 2006
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