Sunday, May 31, 2009

A garra que restou...





Há algumas semanas, ao passar por uma ressonância magnética, a jornalista catarinense Silvia Zamboni, 40, deixou o médico desconcertado: ele não podia acreditar que o cérebro que observava no monitor, com lesões seríssimas em áreas extensas, era o de uma pessoa absolutamente normal.

O esperado seria encontrar alguém com sérias dificuldades para falar, caminhar ou comer. Ou até em estado vegetativo.

Ele não estava errado. Cinco anos atrás, diante de imagens semelhantes, outros médicos nem acreditaram que ela sobreviveria ao acidente que sofrera. Seu carro havia se chocado contra uma árvore depois de ter sido fechado por um caminhão, numa noite chuvosa, no interior de Santa Catarina.

Além do traumatismo craniano, ela tinha costelas quebradas, que haviam perfurado um pulmão. Uma orelha foi praticamente decepada. O socorro só veio após duas horas.

Silvia Zamboni, 40, surpreende os médicos ao levar uma vida normal com o cérebro danificado após sofrer um acidente de carro
A falta de oxigenação por conta da parada cardíaca havia deixado lesões graves e irreversíveis no cérebro. Os médicos que a atenderam diziam que a morte era questão de horas.

Uma semana após completar 35 anos, em março de 2004, Silvia estava em coma profundo, no grau 3 da escala de Glasgow -o mais baixo-, que mede o nível de consciência após uma lesão cerebral. As estatísticas estavam contra ela -os médicos estimaram em 1% a chance de sobrevivência.

Papel da mãe

Apesar da resistência dos profissionais, sua mãe, Marilda, resolveu levá-la a um centro maior, em Florianópolis. "Para que, se ela está quase morta?", ouviu de um deles. No outro hospital, escutou o mesmo prognóstico: caso a filha sobrevivesse, as chances de ficar em estado vegetativo eram enormes. Mas Marilda acreditava que ainda "havia esperança".

Fazia três anos que mãe e filha não se viam, apesar de morarem na mesma cidade. O reencontro se deu na UTI.

Nas visitas diárias ao hospital, sua mãe promoveu um bombardeio de estímulos. Fazia massagens em seu corpo com remédios homeopáticos, levou cremes e perfumes com os cheiros que ela conhecia, colou nas paredes fotos de todas as fases de sua vida e a logomarca da sua empresa, falava muito ao seu ouvido, sem parar de chamá-la pelo nome.

Quando não estava lá, deixava fones com músicas e mensagens gravadas. "Escutava sons, mas não sabia o que significavam", diz Silvia, sobre o período em que esteve inconsciente. "Eu me lembro da voz da minha mãe me dando força." E de algumas frases soltas: "Não reage"; "não vai dar tempo".

Durante quase dois meses, nada mudou. A mãe chegou a ouvir se não seria melhor "deixar a natureza seguir seu curso". Mas perto de completar o segundo mês em coma, Silvia começou a dar os primeiros sinais de recuperação, com alguns movimentos involuntários dos membros e a capacidade de manter a respiração e a pressão por alguns momentos, sem o auxílio de aparelhos. O coma ficou menos profundo.

Quatro meses depois do acidente, os médicos avaliaram que já não havia nada mais a fazer no hospital. A vida havia se confirmado, diziam, mas Marilda teria um bebê para sempre. Silvia estava absolutamente dependente e sem a menor consciência de quem era. Em casa, foi atendida por profissionais como fonoaudióloga, enfermeiros e fisioterapeuta.

História reescrita

Com o apoio da equipe e da mãe, foi reaprendendo tudo, desde as ações mais básicas: andar, pronunciar palavras e, o mais difícil, abrir a boca e engolir. Depois, ainda precisou reaprender a ler, escrever e até reconhecer a função dos objetos mais simples, como o telefone.

Ao longo dos meses, foi passando por todas as etapas de seu desenvolvimento e reescrevendo a própria história. Teve uma fase de birras para comer e de medos para dormir. "Eu estava exatamente como uma criança", diz. "Quando tiraram a sonda nasogástrica [pela qual era alimentada], passei a cheirar tudo, como um cachorro."

Sem se lembrar de nada de sua vida antes do acidente, voltou a se interessar pelos assuntos que a motivavam e revelou os mesmos talentos de antes.

Motivada pela mãe, estudou piano, apesar de não se lembrar de que quando criança tinha aprendido a tocar. Quis cozinhar e vender tortas, exatamente como tinha feito na adolescência. Ao mesmo tempo, ia resgatando suas memórias.

Apesar de seu cérebro carregar as cicatrizes das lesões, hoje ela leva uma vida normal. Mora sozinha, namora, estuda, faz suas compras -só não voltou a trabalhar, ainda.

"É uma prova da plasticidade cerebral, em que os neurônios que sobreviveram encontram novos caminhos para se comunicar", diz o médico intensivista Thales Schott, que acompanhou sua recuperação.

Na visão dele, os cuidados da mãe, que morreu após um AVC no ano passado, foram fundamentais. "Foi isso que resgatou a vida de Silvia", diz.

Ainda há grandes lacunas de sua vida de que não lembra. "Hoje sou mais seletiva", afirma. Lembrar envolve um grande esforço mental, que ela não faz para acontecimentos que lhe causem tristeza.

Há quem volte de experiências como essa dizendo que escolheu a vida. "Acho que minha mãe escolheu por mim, e eu correspondi." Hoje ela não faz planos para o futuro. "Ainda tenho muito o que recuperar."

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- Extraido Folha de São Paulo, em 31.05.2009, por Gabriela Cupani.
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O MENINO E A GUERRA







Na década de quarenta, em tempos de guerra, um menino pobre do estado do Rio Grande do Sul desenvolveu o que pode ser considerado o primeiro porco verde do Brasil.
Os reflexos da guerra obrigaram-no a ser um pesquisador, que por muitos técnicos foi chamado de chato em “pesquisas empíricas”.
Este menino, nascido em Cinqüentenário (RS), município de Santa Rosa (RS), aos 02 anos de idade perdeu o pai em surto de Tifo.
Uma vez por semana, lia a sua mãe os horrores da guerra no único veículo de comunicação da região, o jornal semanal, Correio Rio-grandense.
O FRANGO VERDE
Com quatro anos de idade, foi crismado, quando comeu e sentiu o sabor da primeira bolacha. Na mesma época, chegou a ficar um ano sem comer pão e sal.
Sustentava a família uma pequena horta cultivada pela sua mãe no quintal de casa.
Aos sete anos, começou a freqüentar uma pequena escola do interior. Muitas vezes com os pés descalços, pisando em neve e espinhos, caminhou para a sala de aula. Suas roupas eram coloridas não pela estampa do tecido e sim pela quantidade de remendos que tinham.
Tantas dificuldades fizeram o menino pobre do interior a tomar uma decisão, procurar aprender de tudo para sair daquela situação em que se encontrava e preparar-se para enfrentar a difícil vida que se eternizava.
Aos oito anos de idade fez a sua primeira experiência. Ao ver dezenas de galinhas no quintal, com seus pintainhos, decidiu fechá-los para forçar as galinhas a botar ovos.
Naquela época, não havia rações balanceadas e nem medicamentos para tratar os pintos presos nas gaiolas. Álido tratava-os com milho triturado no pilão. Foi péssimo o resultado, mas o menino pesquisador não desanimou, passou a fornecer aos pintos, junto com o milho, couve e alfafa picadas. Sem perceber, conseguira produzir o frango verde.
Por muitos anos, Álido Brun criou galinhas de postura com 50% de ração e muita verdura, leucena e almeirão, com sucesso.
O PRIMEIRO PORCO VERDE
Aos dez anos pediu para a sua mãe dez mil reis para comprar uma leitoa. A mãe atendeu o menino, mas avisou: “ tivemos muita seca e temos pouco milho”. Preocupado em manter o estoque de milho para as demais criações do pequeno sítio, passou a alimentar a leitoa somente com verdura e água. Álido Brun entusiasmou-se quando recebeu da experiente camponesa, sua mãe, o elogio pelo belo animal que havia conseguido apenas com tratos verdes.
Com dezesseis anos, adolescente muito curioso, leu em uma revista da época, que um norte-americano havia tratado oito leitões apenas com alfafa e água. Aos oito meses pesavam 105 Kg. Levado pelo instinto, Álido repetiu a experiência lida na revista. Fechou oito leitões, ainda com a porca mãe e passou a alimentá-los com alfafa, rama de mandioca e água. Aos oito meses conseguiu 106 Kg por animal, em média.
Nos frangos, que continuava a tratar com verde, a diferença do sabor foi rapidamente sentida pela família, mas no porco, talvez pela raça criada, não se sentiu muita diferença.
A UVA NO CENTRO-OESTE
Passaram-se os anos e o menino curioso rendeu-se à invasão da soja no país e passou a cultivá-la. Foi assentado em programa de reforma agrária no município de São Gabriel do Oeste (MS) onde viveu enorme dificuldade ao tentar a sobrevivência com a soja.
Em Chapadão do Sul, foi novamente assentado e lembrou das dificuldades que passara quando criança. Voltou a dedicar-se novamente aos seus sonhos de menino e à teimosia das suas pesquisas.
Ainda em São Gabriel do Oeste, manteve a tradição dos sulistas, entre elas, possuir uma parreira de uvas no quintal.
Em Chapadão do Sul, plantou como de costume a sua parreira, mas observou que o clima do cerrado não era adequado para a cultura. Inconformado passou a investigar. Se o solo do cerrado pode ser corrigido, fertilizado e consegue-se água, porque não produz a uva?
Em pouco tempo, a persistência do pequeno produtor começa a dar resultados o que chamou a atenção dos produtores e da imprensa. Álido introduz com sucesso a uva no cerrado brasileiro.
Transformou-se em consultor no assunto. Foi o responsável pela introdução da uva em vários municípios do estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, consolidando a cultura e dando oportunidade de renda a muitos produtores rurais.
O SONHO RETOMADO
O porco verde, entretanto, não saía da cabeça do persistente e sonhador agricultor. Há dois anos, Álido voltou a investir no porco verde. Aproveitou as suas experiências de menino e as juntou aos conhecimentos adquiridos ao longo da sua vida. Com o cruzamento de novas raças de suínos conseguiu melhorar o porco verde que criou quando criança.
Hoje cria o porco verde basicamente com capim, cana, leucena, mandioca e soro de queijo. Na alimentação entram também as folhas e tronco de bananeira, que segundo Brun, têm excelente teor nutritivo e funcionam como vermífugo.
Está pronto para o abate em 8 a 9 meses, com 100 Kg de peso. Tem no máximo 5 Kg de gordura.
O suíno de granja chega ao abate com metade desse tempo, em 130 dias, mas custa, aos 100 Kg, cerca de R$170,00, enquanto o porco verde alcança no máximo o custo de R$50,00.
O porco verde, como o chama, sem preconceito, tem um sabor muito especial. Dizem os entendidos que a carne nada perde para a paca, uma das caças mais saborosas do Brasil Central.
PRODUTOS ARTESANAIS E ECOLÓGICOS
As experiências de Brun não param por aí. Atualmente fabrica o “Queijo Brun”, tipo de queijo artesanal e ecológico, já conhecido e saboreado até no exterior.
Esse queijo receberá em breve um registro especial com o seu nome.
Brun confessa que demorou quatro anos de muita pesquisa e experimentação para chegar ao seu queijo especial. Recebem, as suas vacas, alimentação natural à base de vegetais e homeopatia que dão o sabor diferenciado ao produto.
Há dois anos decidiu voltar à suinocultura dos tempos de criança. Agora o alimento é homeopático e vegetal. Nada de produtos químicos ou medicamentos. Vivem os animais em piquetes automaticamente limpos. A alimentação saudável e natural diminui a incidência de doenças e pragas.
Quando ocorre algum problema entra em cena a homeopatia, com uso de produtos sempre naturais.
SOLUÇÃO PARA O PEQUENO PRODUTOR
O sonho de Brun vai além do sabor e do custo baixo do porco verde e da excelente qualidade do seu queijo, presuntos e compotas que produz artesanalmente. Confessa, com convicção, que encontrou a solução para a sobrevivência do pequeno produtor, como ele assentado do INCRA. É ainda a oportunidade de se produzir alimentos mais saudáveis e saborosos.
O trabalho de Brun chama atenção das autoridades que buscam meios para resolver o problema de legalização para o comércio da produção artesanal na zona rural.
Para avaliar a sua descoberta, haverá no próximo mês de julho, em Campo Grande, uma noite de degustação do porco verde. Será a sua carne comparada ao chamado porco caipira, caseiro e ao suíno de granja.
Estarão presentes técnicos no assunto, professores de universidades, autoridades e produtores interessados em conhecer as descobertas de Brun.
Para ele, o pequeno produtor pode ter uma vida boa e ser bem remunerado como o habitante da cidade. Precisa ser orientado a produzir produtos diferenciados e saudáveis.
Em época de modismos no mundo moderno e na busca de produtos adequados à saúde do ser humano, Álido Brun, o menino pobre que somente fez o curso primário no Rio Grande do Sul, hoje assentado do INCRA, pode estar carregado de razão.


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Saturday, May 30, 2009

A sabedoria também pode vir em pílulas




"A melhor coisa que se pode fazer pelo próximo não é dividir com ele suas riquezas, mas revelar-lhe as dele."

"A segunda coisa melhor do que saber aproveitar uma oportunidade na vida é saber quando deixá-la passar."

"As paixões, as diferenças políticas e os prazeres são comuns. O que distingue um homem é a sabedoria."

"A mais perigosa das estratégias é tentar saltar sobre um abismo com um salto de duas passadas."

"Como regra geral, o homem mais bem-sucedido na vida é aquele com as melhores informações."

"As pessoas podem formar comunidades, mas as instituições, e só elas, criam uma nação."

"Era um daqueles homens que acreditavam poder mudar o mundo escrevendo um panfleto."

"Fale com as mulheres o máximo que puder. Essa é a melhor maneira de aprender a falar com facilidade, pois não precisa se preocupar com o que está dizendo."

"Minha ideia de uma pessoa agradável é a de uma pessoa que concorda comigo."

"Todos nascemos para o amor. Ele é o princípio da existência e seu único objetivo."

"A juventude é dissipação. A vida adulta, uma luta. A velhice, um arrependimento."

"Nenhum governo pode dizer que é um sucesso sem uma oposição formidável."

"O caráter não muda como as opiniões. O caráter só pode ser desenvolvido."

"As mentiras são de três tipos: mentiras, malditas mentiras e estatísticas."

"A ação pode não trazer felicidade. Mas não existe felicidade sem ação."

"O mundo está cansado de homens de estado degradados em políticos."

"Uma nação é tão forte quanto as mulheres por trás de seus homens."

"Em sociedade nunca raciocine. Isso pode soar ofensivo para alguns."

"Ordem e limpeza não são instintivas. Precisam ser cultivadas."

"Chatice? Alguém que discursa bem mas não sabe conversar."

"A magia do primeiro amor é ignorar que ele vai acabar."

"Quanto mais falam de você, menos poderoso você é."

"A coragem é a qualidade mais rara na vida pública."

"É muito mais fácil ser crítico do que correto."

"A justiça é a verdade posta para trabalhar."

"A ignorância nunca resolve uma questão."

"Leia biografias - são a vida sem teoria."

"A vida é muito curta para ser pequena."

"Acreditar em heroísmo faz heróis."

"O medíocre fala. O gênio observa."

"Nunca reclame. Nunca explique."



- Benjamin Disraeli.